02 março 2009

A visão de Warren Buffett sobre a crise

Na tradicional carta anual aos acionistas, Buffett defendeu a atuação do governo dos Estados Unidos contra a crise e admitiu que cometeu uma série de equívocos. O megainvestidor alertou ainda para a formação de uma bolha no mercado americano de títulos públicos e admitiu que a crise pode ir além de 2009, mas mostrou otimismo com a capacidade da economia dos EUA em superar desafios. Veja abaixo alguns dos principais pontos da carta:

Sobre a economia - "Nós estamos certos, por exemplo, que a economia vai se arrastar durante 2009 - e provavelmente por mais tempo que isso. Mas isso não nos diz se o mercado de ações vai subir ou cair nos próximos meses."
"Nós vivemos uma disfunção do mercado de crédito, que rapidamente se tornou não-funcional em diversos aspectos”.
"A espiral degenerativa da economia obrigou o governo a tomar medidas em massa. Usando o vocabulário do pôquer, o Tesouro e o Fed [Federal Reserve, o banco central dos EUA] estão apostando todas as suas fichas. O remédio econômico tem sido distribuído a rodo. Essas doses, impensáveis há algum tempo, quase certamente terão seus efeitos colaterais. Cada um pode tentar adivinhar que efeitos serão esses, embora eu acredite que uma consequência provável seja um ataque inflacionário."

Sobre os derivativos de crédito - "Aumentar a transparência é o remédio favorito de políticos, comentaristas e órgãos reguladores das finanças para evitar que o trem volte a sair dos trilhos, mas isso não resolve o problema dos derivativos. Eu não conheço nenhum mecanismo de divulgação que chega perto de descrever e mensurar os riscos de um enorme e complexo portfólio de derivativos.

Sobre novas bolhas - "Quando a história financeira desta década for escrita, certamente ela falará sobre a bolha da internet no final dos anos 90 e da bolha imobiliária nos últimos anos. Mas a bolha do mercado de títulos do Tesouro americano gerada a partir do final de 2008 poderá ser lembrada como algo quase tão extraordinário."

Sobre o desempenho do Berkshire - "Durante 2008 eu fiz alguns investimentos estúpidos. Eu cometi ao menos um grande erro por delegar poderes e outros equívocos menores que também machucaram. Além disso, eu cometi erros por omissão, chupando meu dedo enquanto fatos novos surgiam e que deveriam ter me levado a reexaminar minhas convicções e a agir prontamente."
"O Berkshire sempre foi um comprador de empresas e de ações, e o desarranjo nos mercados deu uma freada em nossas aquisições. Se for investir, lembre-se que o pessimismo é nosso amigo e a euforia é o inimigo."

02 março 2009



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