20 junho 2011

Tecnologia brasileira para setor bancário alcança mercado externo.

Depois de anos trabalhando na área de tecnologia da informação (TI) da montadora alemã de automóveis Mercedes-Benz, os engenheiros Maurício Costa e Silva e José Ronaldo Martins não sabiam que a empresa que os dois viriam a abrir em sociedade, a Eccox S.A., alcançaria o status de multinacional, com faturamento de R$ 40 milhões, 19 anos depois.
A companhia, especializada em serviços e sistemas mainframe (supercomputadores), atualmente passa por processo de expansão com abertura de escritório nos EUA e parcerias na Europa as quais devem render à empresa 3,2 milhões de euros até 2012. Além disso, a empresa iniciou em 2008 as tratativas para abrir seu capital (IPO, na sigla em inglês) junto à Bovespa, o que deve acontecer até o ano de 2015.

Em seu plano de expansão internacional, a empresa já conta com três escritórios nos EUA e três na Europa. Maurício Costa e Silva diz que no início dos planos de expansão a empresa enfrentou resistência pelo fato de ser brasileira.
“Tanto nos EUA quanto na Europa nós enfrentamos uma certa resistência por parte dos clientes por sermos uma empresa de tecnologia brasileira. Na Europa era ainda mais forte”, conta o executivo. Para contornar o obstáculo, a empresa contratou profissionais nativos dos países para prospectar novos negócios. “Começou a dar certo porque os profissionais contratados falam a mesma língua, pertencem à cultura local. E isso aproxima os clientes da nossa empresa. Hoje nossos seviços são muito mais aceitos”, diz.

Segundo Costa e Silva, o fator que motivou o processo de internacionalização da empresa foi a grande demanda por serviços de mainframe que existe fora do Brasil. Nos EUA, o executivo diz que existem cerca de 3 mil empresas que trabalham com supercomputadores, enquanto no Brasil este número chega a 120. O processo de internacionalização da Eccox passa ainda pela constituição de uma gerência de canais internacionais, responsável pela administração de representantes ou escritórios próprios na Itália, em Israel, no Cone Sul (Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai) e no México. Entre os principais clientes da empresa no País está a maioria dos bancos de varejo, como Bradesco e Itaú, e empresas de telecomunicações e tecnologia, dentre as quais se destacam Telefônica e Hewlett-Packard (HP).

IPO
A empresa prevê entrada na Bovespa no ano de 2015. O processo interno de adequação para aabertura de capital começou em 2008. Costa e Silva diz que ainda há diversos pontos a serem melhorados na estrutura organizacional e financeira. Entre eles está a elevação do faturamento anual. “Entramos com o pedido na CVM [Comissão de Valores Mobiliários] no começo de 2008.
Desde então estamos passando por diversos processos de auditoria interna, entre outros, para nos adequarmos ao perfil de empresa aberta. Afora isso estudamos alcançar um faturamento de R$ 85 milhões a R$ 100 milhões até 2015″, diz.
Para alcançar a meta, a Eccox planeja investimento de US$ 800 mil em 2011 na sua base norte-americana, com expectativas de retorno da ordem de US$ 1,5 milhão no mesmo período. Simultaneamente, por meio de uma parceria com empresa alemã, tem seus produtos presentes na área compreendida por Alemanha, Suíça, Áustria e República Tcheca.

Projeção
Maurício da Costa e Silva explica que este é o momento correto para a internacionalização da empresa baseado em três fatores: os investimentos maiores por parte das empresas que contam com processamento de grande porte (mainframe) voltaram depois de longa espera pelo sucesso de iniciativas de downsizing [recurso a plataformas mais baixas de computação] e também pela necessidade de se esperar passar a crise internacional que começou em 2008.
O outro fator é a mudança da imagem do Brasil perante o mercado internacional de tecnologia. “Se antes éramos vistos apenas de forma exótica, hoje somos respeitados e somos o terceiro maior fornecedor de outsourcing do planeta, perdendo apenas para a Índia e a China”, informa Costa e Silva. Finalmente, as projeções otimistas são depositadas na tecnologia inovadora e mais abrangente que foi desenvolvida no Brasil.

A Eccox registra a volta dos orçamentos de investimento para a área de mainframe em ambientes de bases de dados padrão DB2 em todas as partes do mundo. Depois de se consolidar como grande player no mercado brasileiro que conta com 40 grandes companhias detentoras desse tipo de ambiente e que nele investe, parte para mercados muito maiores.

Além de investimentos em mainframe (supercomputadores), empresas de tecnologia da informação (TI) que atuam no setor bancário estimam que em 2011 serão gastos US$ 8 bilhões com o gerenciamento de informações e dados. Como o volume de dados no mercado financeiro cresce entre 50% e 200% ao ano, as companhias apostam na adoção de serviços de computação na nuvem (cloud computing) para suprir a demanda. Phil Walton, vice-presidente de Serviços para a vertical de finanças da Hewlett-Packard (HP), e Pat Gelsinger, presidente e COO de Produtos de Infraestrutura da EMC, a indústria financeira pode tirar proveito do grande volume de informação para inovar com serviços que atraiam e fidelizem clientes. No entanto, de acordo com um estudo apresentado no evento por Roberto Marchi, vice-presidente da Booz&Co, a indústria de serviços financeiros tem inovado pouco devido a questões de segurança e regulatórias.
Fonte: DCI 20/06/2011

20 junho 2011



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