23 março 2012

Outlet atrai BR Malls e a espanhola Neinver

Novos negócios no segmento de outlets devem ser anunciados no país nos próximos meses. O Valor apurou que a BRMalls, a maior empresa de shopping centers no país, está concluindo a compra do São Paulo Prime Outlets, primeira inserção da empresa no segmento. Localizado na rodovia Castello Branco, ele está a apenas 14 km do primeiro outlet da JHSF, a ser entregue em 2013.

O São Paulo Prime está em construção e pertence à SuccesPar Real Estate, do empresário César Viana. O plano da BRMalls, que não comenta o assunto, é anunciar a aquisição em abril.

Além disso, duas empresas espanholas, Neinver Real State e Allegra Europea Holding, avaliaram a possibilidade de comprar terrenos para construir outlets na cidade de São Paulo. E a americana Simon Malls, a maior empresa de shoppings dos EUA, esteve no Brasil no final de 2011. Encontrou o comando da General Shopping para discutir possível parceria para investir em outlets.

A Neinver é a segunda maior operadora de outlets da Europa, com 13 unidades e valor de mercado de € 1 bilhão. A espanhola contratou consultores para buscar terrenos em rodovias paulistas. A Allegra e a Neinver chegaram a estudar a aquisição do São Paulo Prime Outlets. Procurada, a Neinver informa, em nota, que estuda "numerosas possibilidades no mercado brasileiro". Considera o país "um mercado de grandes oportunidades e potencial". Segundo fonte próxima às negociações, a Neiver já avaliou terreno na rodovia Fernão Dias. O grupo nega.

A Allegra - com investimentos no país em um produto imobiliário da incorporadora MaxCasa - decidiu postergar sua decisão de investimento, apesar de ter estudado abertura de outlets no país. A empresa entende que os ativos encareceram rapidamente no país, e que pagaria ágio alto para entrar no Brasil, mas a empresa não comentou a informação.

Novos negócios nessa área têm sido anunciados nos últimos meses. A JHSF desenvolve o Catarina Fashion Outlet Shopping, no quilômetro 60 da Castello Branco, com investimentos de R$ 68 milhões. A empresa não informou a área comercializada do outlet, mas há cartas de intenção ou propostas aprovadas para 88 das 100 lojas, segundo fonte do mercado. Já o outlet da BRMalls terá 130 lojas, com entrega até o início de 2013.

A General Shopping também fez novos anúncios recentemente. A empresa inaugura, em junho, o Outlet Premium Brasília, com 80 lojas. "Temos outros cinco projetos de outlets no Brasil e os recursos para o investimento devem vir de parte dos US$ 150 milhões de nossa emissão de dívida anunciada neste mês", disse Alexandre Dias, diretor de relações com o varejo da General Shopping. A empresa foi a primeira companhia de capital aberto do setor a investir no segmento, com o Outlet Premium São Paulo, na rodovia Bandeirantes.

Entre os analistas, há a percepção de que mudanças no modelo de operação e nas características do negócio podem abrir espaço para que o segmento, finalmente, deslanche no Brasil. Os primeiros outlets, abertos no Brasil no início dos anos 90, se transformaram em shoppings. "O produto vendido em outlets no Brasil no passado era de má qualidade. E nos fabricantes, não se pensava em tratar esse canal de vendas como opção de negócio rentável no país", diz Nelson Barrizzelli, professor de economia da USP.

Conforme o diretor de locação da Jones Lang LaSalle, André Costa, o custo por metro quadrado de área de lojas para se construir um shopping tradicional é de R$ 5 mil, enquanto no outlet varia de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil. Os outlets demandam menos recursos por se localizarem em áreas periféricas à cidade e terem especificações técnicas mais simples. Para os lojistas, o custo de condomínio de um shopping das principais capitais voltado para as classes A e B varia de R$ 60 a R$ 90 por metro quadrado. "No outlet, o custo global de ocupação fica ao redor de R$ 80, somando aluguel, condomínio e fundos de promoção", diz Costa.

O diretor de locação da Jones Lang ressalta que algumas marcas, como Nike e Adidas, já direcionam parte de sua produção especificamente para outlets. Essa produção atende ao chamado "consumidor aspiracional, da classe C, que hoje tem emprego, renda e quer começar a experimentar o consumo de outras marcas", segundo Costa.

A Jones Lang identificou 15 localidades no Brasil com potencial para desenvolvimento de outlets no prazo de quatro anos. A empresa participa do desenvolvimento de oito projetos, parte em fase inicial, parte praticamente já comercializada. Em parceria com o Grupo Tacla, de Curitiba, a empresa está desenvolvendo um outlet no Paraná e outro em Santa Catarina, para os quais os terrenos já foram adquiridos. Outro empreendimento em construção é o Platinum Outlet, desenvolvido pela Construtora São José em Novo Hamburgo (RS), com investimentos de R$ 85 milhões. Cerca de 90% das lojas estão pré-locadas, de acordo com a Jones Lang. Por Chiara Quintão e Adriana Mattos
Fonte:Valor23/03/2012

23 março 2012



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