29 maio 2012

RBS inclui site de vinhos em sua lista de aquisições

O grupo RBS decidiu aliar sua estratégia de aquisições para ampliação de portfólio, iniciada em 2008, com bons vinhos. A holding digital do grupo - cujo nome só será definido em agosto - adquiriu uma participação minoritária na Wine, companhia de comércio eletrônico especializado na venda direta de vinhos finos para consumidores. O valor da operação e a participação adquirida não foram revelados.

 "Tomamos poucos, mas bons vinhos", brincou Fabio Bruggioni, executivo-chefe da holding, ao destacar a velocidade com que o acordo foi concluído. "A Wine já nasceu digital, tem um projeto maduro e está muito alinhada com nossa estratégia. A conversa ficou mais fácil", disse.

 Há quatro anos, o grupo RBS vem investindo em aquisições na área de negócios digitais. Com o novo acordo, o portfólio da holding digital chega a oito companhias. Nos últimos seis meses, a unidade comprou participações na Predicta, consultoria de marketing digital; no F*Hits, site de venda de publicidade no segmento de moda; e adquiriu fatias da Aorta, desenvolvedora de aplicativos, e na Hand Mobile, de publicidade móvel. Esses dois últimos acordos foram realizados por meio do Grupo.Mobi, que reúne sete empresas no segmento de marketing para dispositivos móveis.

 Integram ainda a holding os portais de entretenimento ObaOba e Guia da Semana; a agência de mídia digital Hi-Mídia; e o portal de negócios Hagah.

 A partir do novo acordo, a Wine passará a integrar a divisão de comércio eletrônico da holding, que atua ainda em outros dois segmentos: mobilidade e mídia digital. Seguindo o modelo das outras aquisições, a Wine continuará a operar de forma independente, com a manutenção de seus sócios à frente do negócio. 

"Nossa estratégia é sentar ao lado de quem construiu essas histórias e temperar esses projetos com nossa tecnologia, governança e estrutura", disse Bruggioni ao Valor.

Com sede em Vitória (ES), a Wine conta com 45 mil clientes ativos e cerca de 13 mil usuários cadastrados  

Com sede em Vitória (ES) e distribuição em todo o Brasil, a Wine está no mercado desde 2008. Além de uma loja exclusiva no Facebook e da operação de comércio eletrônico - com uma base de 45 mil clientes on- line ativos -, o site oferece um modelo de assinaturas, batizado de ClubeW. Nesse caso, as condições de venda para os cerca de 13 mil usuários cadastrados são diferenciadas. Eles recebem de duas a seis garrafas de vinhos selecionados por um sommelier e têm acesso a ofertas exclusivas no portal.

 Na avaliação de Rogério Salume, presidente e um dos sócios-fundadores da Wine, o mercado brasileiro de vinhos é promissor e tem espaço para crescer. O país, segundo ele, tem um índice de consumo per capita de vinhos finos de apenas 0,6 litro por ano, ante médias como a da Argentina, de 18 litros, e da França, de 40 litros.

 Como reforço ao potencial de expansão no Brasil, Salume destacou o aumento da renda do consumidor brasileiro e a maior estabilidade econômica no país, entre outros fatores. Esse cenário vem se refletindo no crescimento anual de mais de 70% da Wine desde sua criação. Em 2011, a empresa registrou receita de R$ 36 milhões e iniciou conversações com grupos de investidores estrangeiros. A questão financeira, no entanto, não foi o que orientou a escolha pelo acordo com a RBS, disse o executivo. "Não construímos a empresa para ser vendida. Queríamos um parceiro que pudesse fortalecer o projeto e nos permitisse buscar novas frentes de negócio."

 A estruturação de um modelo de vendas via web para empresas é uma das estratégias que podem ganhar força. A Wine começou a desenvolver projetos piloto em 2011, ao identificar a demanda de restaurantes, bares, hotéis, pousadas e lojas especializadas. A ideia agora é acelerar esse movimento, com previsão de em cinco anos consumidores e empresas tenham participação equivalente nas receitas.

 A expansão internacional também está no radar da Wine. O primeiro mercado a ser explorado em médio prazo é a América Latina. Em uma segunda etapa, os focos serão Europa e Estados Unidos.

 Outras apostas da parceria são as sinergias com as demais empresas da holding da RBS. O Grupo.Mobi, por exemplo, vai ajudar na transição da Wine para o comércio eletrônico por meio de dispositivos móveis. Em outra frente, disse Bruggioni, a Predicta pode exercer um papel importante na análise de comportamento dos clientes e no desenvolvimento de novas experiências de compra da loja virtual.

 Essa abordagem reforça o modelo de aquisições da holding, baseado em projetos segmentados, diversificados, mas que, ao mesmo tempo, conversam entre si. "Temos que ser relevantes nesse ambiente digital e só conseguiremos atingir esse patamar se apostarmos nesses três pilares", disse Bruggioni.

 A estratégia da holding para 2012 inclui a consolidação de sua estrutura. O braço digital passará a operar efetivamente como uma empresa em agosto. O projeto passa também por novas aquisições, concluídas por meio de recursos próprios. Bruggioni não divulgou o valor reservado para esses acordos, mas disse que a ideia é encerrar 2012 com um portfólio de dez a 12 companhias, e receitas equilibradas entre as três divisões.

 O segmento de comércio eletrônico será um dos principais focos das aquisições. "Cumprimos cerca de 60% do nosso plano de montagem de portfólio e, se tudo caminhar como esperamos, a holding estará entre os três principais grupos digitais do país em um prazo de três anos", afirmou. Por Moacir Drska
Fonte: Valor Econômico 29/05/2012

29 maio 2012



0 comentários: