29 dezembro 2012

Oferta pública de ações exige nova mentalidade

Segundo o jornal Valor Econômico, as ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla inglesa) poderão absorver pelo menos R$ 20 bilhões em captações em 2013.

O otimismo repousa na necessidade de algumas grandes empresas de reforçar seu capital e no baixo valor dos IPOs de 2012 (R$ 4,3 bilhões). 

A baixa remuneração das outras aplicações financeiras do mercado é que está gerando uma grande oportunidade para que algumas empresas de porte possam fazer tal operação. Em todos os países a remuneração de papéis de grande liquidez é muito reduzida, mas no Brasil, além da memória das aplicações que se faziam nos tempos da grande inflação, é preciso reconhecer que a inflação atual é ainda elevada e torna perigosa uma comparação com outros países que têm uma inflação muito mais baixa do que a nossa e, especialmente, certeza de que não há ameaça de retomada das pressões inflacionárias no longo prazo. Neste contexto, no Brasil, qualquer operação com melhor remuneração é bem-vinda.

 Acontece, porém, que a remuneração das ações cotadas na Bolsa de Valores paulista, neste ano que está terminando, ficou muito aquém do que se podia esperar e, na maioria dos casos, abaixo da inflação.

Assim, uma das condições para o lançamento de novos IPOs é uma reação das cotações em Bolsa e, talvez, uma redução do fator externo sobre nossas cotações.

 As empresas que pretendam ir à Bolsa têm de ter dimensão suficiente para interessar os investidores que estejam dando preferência a emissões de um volume adequado de ações, e não apenas ao volume que ofereça vantagem somente aos grandes investidores.

 Uma condição essencial do sucesso de uma emissão de ações é que a empresa que venha ao mercado bolsista possa oferecer dividendos regulares e significativos ou outras vantagens pecuniárias que comprovem que o emissor das ações trata seus investidores como sócios, e não apenas como fornecedores de dinheiro barato para proveito dos responsáveis pela empresa.

 Muitas empresas de porte precisam reforçar seu capital e estão no "pipeline" como candidatas. Porém, se não estão decididas a tratar bem seus acionistas, é melhor que desistam de operações de oferta de ações. Deverão, em certas circunstâncias, estar preparadas para entrar no mercado bolsista a fim de impedir uma queda não justificada dos seus papéis, mas também para manter bem informados seus acionistas ao explicarem uma queda provisória.
Fonte: O Estado de São Paulo 29/12/2012

29 dezembro 2012



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