22 julho 2013

Até Warren Buffett deixa de apostar na Índia

Uma série recente de suspensões de planos de investimentos estrangeiros em vários setores é um sinal da crescente frustração com o governo da Índia pela falta de reformas ao mesmo tempo em que a economia do país desacelera.

 A gigante varejista Wal-Mart Stores Inc., WMT +0.17% o conglomerado Berkshire Hathaway, BRKB +0.07% de Warren Buffett, e as siderúrgicas Posco e ArcelorMittal MT +0.18% estão entre as empresas que recuaram em planos de investimento no país.

 "A paciência do capital vai até um certo limite. Depois, ele fica impaciente e se muda para outras geografias", diz Dhanpal Jhaveri, sócio e diretor-presidente da firma de private-equity Everstone Capital, que administra US$ 1,8 bilhão em fundos.

 A decisão na semana passada de mais empresas de suspender planos de investimentos ocorreu ao mesmo tempo em que o governo indiano anunciou esforços para melhorar a economia, abrindo o setor de telecomunicações para 100% de controle estrangeiro e relaxando as regras para investimentos internacionais nos setores de defesa, energia e varejo. O governo esperava que, ao atrair mais capital estrangeiro, poderia parar a desvalorização da rúpia, que na semana passada estava sendo cotada a 59,71 por dólar, uma queda de mais de 30% desde o fim de 2007, e estimular o crescimento do país, que recuou para 5% no trimestre encerrado em março, seu menor ritmo nos últimos dez anos.

 O cancelamento de planos de investimentos sugerem que as mudanças do governo podem não ter sido insuficientes e chegado tarde demais. Segundo analistas, será difícil as reformas compensarem agora a notória desaceleração do crescimento.

 No ano fiscal encerrado em março, o total de investimento estrangeiro direto na Índia caiu 21%, de acordo com o Ministério do Comércio e da Indústria.

 A indústria automobilística, porém, segue sendo um caso raro de atração de capital estrangeiro. A Nissan Motor Co. 7201.TO -0.71% e a Renault SA RNO.FR +0.16% anunciaram que juntas vão investir US$ 2,5 bilhões no país nos próximos quatro anos.

 O Wal-Mart planejava abrir uma série de lojas na Índia, mas agora há dúvidas sobre esses planos, disse um representante do setor presente a uma rodada de negociações entre executivos da empresa e o governo em junho e que não quis ser identificado.

 Na quinta-feira, a Bharti Retail Ltd., parceira local do Wal-Mart, devolveu 17 terrenos que seriam usados para novas lojas aos proprietários, segundo o "Economic Times", um jornal indiano. A Bharti Retail não quis comentar.

 Uma porta-voz do Wal-Mart na Índia não quis discutir os relatos do possível cancelamento. "Continuamos trabalhando com o governo da Índia para entender melhor as regras para o investimento estrangeiro direto e apreciamos a disposição do governo de atender nossos pedidos para esclarecer" as novas regras, disse ela.

 O executivo que estava presente às negociações com o Wal-Mart disse que Anand Sharma, ministro do Comércio da Índia, havia prometido na reunião de junho que as regras para varejistas com marcas múltiplas seriam alteradas para oferecer mais clareza. O Wal-Mart estava esperando um anúncio sobre a liberalização das cláusulas sobre abastecimento local e uma clarificação sobre os investimentos exigidos em infraestrutura, disse ele. Mas, quando o governo anunciou planos de permitir mais investimentos estrangeiros, não houve menção sobre o varejo de marcas múltiplas.

Sharma, em um email respondendo perguntas do The Wall Street Journal, não confirmou ou negou que havia prometido ao Wal-Mart que o governo iria mudar as regras, mas sugeriu que era preciso clareza e que mudanças podem estar a caminho. "As preocupações dos investidores foram coletadas e discutidas", disse. "Onde acharmos que há razões se justifica trazer mais clareza e conforto — isso será feito logo."

 A mineradora sul-coreana Posco cancelou planos de gastar US$ 5,3 bilhões na construção de uma siderúrgica no Estado de Karnataka. A ArcelorMittal também cancelou planos para uma unidade no Estado de Orissa. Ambas citaram dificuldades na obtenção de licenças, atrasos na compra de terras, incerteza sobre fornecedores e a deterioração das condições de mercado.

 A mídia local também informou que a Berkshire Hathaway decidiu fechar seu negócio de venda de seguros on-line na Índia apenas dois anos depois de lançá-lo. Embora não esteja claro por que Berkshire Hathaway cancelou o negócio, o setor de seguros tem reclamado bastante das restrições ao investimento estrangeiro no país. (Colaborou Anupreeta Das.) Por SEAN MCLAIN, SHEFALI ANAND e BIMAN MUKHERJI, de Nova Deli
Fonte: thewallstreetjournal 21/07/2013

22 julho 2013



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