27 março 2014

Com IPOs, empresas de capital de risco têm retornos rápidos

O acordo da Facebook para a compra da Oculus foi o quarto negócio por dez dígitos neste ano de uma empresa financiada por capital de risco

 As empresas de capital de risco, que já estão celebrando o mais vibrante mercado de ofertas públicas iniciais em mais de meia década, estão sendo empurradas por uma onda de aquisições na casa dos bilhões de dólares.

 O acordo da Facebook Inc. para a compra da Oculus VR Inc., ontem, por até US$ 2,3 bilhões, foi o quarto negócio por dez dígitos neste ano de uma empresa financiada por capital de risco. Apenas nove meses atrás, a Oculus, criada há dois anos, levantou dinheiro com a Matrix Partners e a Spark Capital em uma avaliação de US$ 70 milhões.

 A venda rápida ocorre um mês depois que a Facebook fechou um acordo para investir US$ 19 bilhões na WhatsApp Inc. e sete semanas depois que a Google Inc. concluiu a aquisição, por US$ 3,2 bilhões, da Nest Labs Inc.

 Nenhuma dessas empresas havia obtido financiamentos de risco antes de 2010. Retornos tão rápidos de capital fazem as empresas de risco injetarem numerosos montantes de capital nas empresas e esperarem anos por um potencial IPO.

 “Nós somos investidores de estágios iniciais. Demora de cinco a sete anos para que as empresas amadureçam”, disse Santo Politi, investidor de risco da Spark, com sede em Boston, ontem, em entrevista à Bloomberg West. “Não esperamos que aconteça tão rápido. Isso só acontece com as grandes equipes”.

 O recente sucesso do capital de risco está trazendo uma concorrência maior de hedge funds, empresas de private equity e fundos mútuos, que estão buscando maneiras de lucrar com as mudanças tecnológicas em andamento no setor móvel, no de computação em nuvem e no de dispositivos conectados.

 Além da corrida por IPOs e aquisições, as startups estão conseguindo, a um ritmo recorde, financiamentos privados da ordem de US$ 100 milhões de gestoras de patrimônio como a BlackRock Inc., a T. Rowe Price Group Inc. e a Tiger Global Management LLC.

Para a indústria de capital de risco, as aquisições estão impulsionando uma recuperação depois que os retornos ficaram para trás nos mercados públicos por uma década, segundo dados publicados no ano passado pela Cambridge Associates LLC. Dezenas de startups fracassaram no estouro da bolha das pontocom, entre 2000 e 2003, e o mercado de IPOs ficou paralisado durante a crise financeira, a partir de 2008.

 No ano passado, pelo menos dez empresas de capital de risco geraram retornos de US$ 1 bilhão ou mais com aquisições e IPOs, e entre eles o da Twitter Inc. foi o maior. Fundos de pensão e de dotações, que servem como sócios limitados em empresas de capital de risco, estão retornando, disse Byron Deeter, da Bessemer Venture Partners, em Menlo Park, Califórnia.

 “Uma porção de gerentes de portfólio basicamente questionaram essa classe de ativo”, disse Deeter. “Elas oscilaram novamente para um ponto em que a média da indústria está se tornando bastante atraente novamente”.

 Depois da WhatsApp, da Nest e da Oculus, o maior acordo deste ano, na sequência, foi a aquisição, por US$ 1,54 bilhão, pela VMware Inc., da AirWatch LLC, cuja tecnologia ajuda as empresas a proteger e gerenciar dispositivos móveis.

 Os quatro acordos, nos primeiros três meses deste ano, igualam o número total de aquisições na casa dos bilhões de dólares de empresas financiadas por capital de risco em 2012 e 2013 combinados, segundo dados compilados pela Bloomberg.

 Pouca diversidade

 Um risco potencial no mercado atual é a falta de diversidade entre os compradores. A Facebook e a Google estão investindo em startups, mas têm poucos rivais no tocante a empresas que buscam acordos de bilhões de dólares.

 Isso não significa que outras empresas não estejam à procura. A Oculus tinha uma lista de interessados, além da Facebook Inc., disse Antonio Rodríguez, membro do conselho da Oculus e sócio da Matrix, em Boston.

 “Não se trata de uma empresa que não tinha pretendentes”, disse Rodríguez. “A Facebook apenas fez um trabalho muito melhor nas negociações com a equipe”.
Por Ari Levy da Bloomberg | Leia mais em Exame 27/03/2014

27 março 2014



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