21 fevereiro 2015

Schneider vê oportunidades no Brasil

Múlti francesa do setor de gestão de energia tem plano de elevar capacidade com aquisições

O desempenho do grupo francês Schneider Electric no Brasil no ano passado teve "contrastes", mas isso não tirou o entusiasmo do comando da companhia em relação aos investimentos no país. Ao contrário, eles irão continuar em 2015, inclusive por meio de eventuais aquisições, afirmou Emmanuel Babeau, diretor-geral adjunto da empresa, líder mundial na gestão de energia.

"O Brasil é um dos grandes mercados onde ficaremos de olho em oportunidades que poderão surgir", disse, em Paris, o número 2 no comando do grupo em entrevista exclusiva ao Valor, se referindo a possíveis aquisições, sem dar detalhes sobre projetos ou montantes previstos.

O Brasil é um dos países onde a Schneider Electric mais investiu nos últimos anos. "Isso vai continuar, apesar da situação econômica do país não ser tão favorável quanto há dois anos. Mas não vamos mudar nossa estratégia em função da conjuntura dos próximos 18 meses", diz Babeau, responsável pelas áreas financeira e jurídica do grupo.

Ele ressalta que o Brasil é um mercado "prioritário" e que a Schneider Electric tem "grandes ambições em relação ao país. "Vamos continuar aumentando nossa capacidade no Brasil em 2015 por meio de eventuais aquisições e também com investimentos internos", afirma o executivo. A gestão de energia e a automação industrial são os dois eixos de atividades onde a empresa vai injetar recursos.

Como a eficiência energética é a "coluna vertebral" das atividades da Schneider Electric, o grupo aposta no potencial de desenvolvimento desse segmento no Brasil. A crise atual do setor, que exige medidas para a redução do consumo, representa um filão significativo de negócios para a companhia.

Mas por enquanto, neste atual período de secas que vêm comprometendo o abastecimento de energia elétrica no país, o grupo francês ainda não constatou um aumento da demanda por parte de empresas que queiram sistemas para reduzir o consumo. "Investimentos desse tipo são um longo processo e ainda é um pouco cedo para observar mudanças", afirma Babeau.

Em 2014, as atividades de equipamentos e sistemas de baixa tensão no Brasil, ligados à construção residencial e empresarial, e também automação industrial tiveram "progressão extremamente favorável", segundo Babeau.

Já o segmento de média tensão, do setor de infraestrutura (petróleo, gás e mineração) "sofreram mais o impacto da desaceleração econômica, com projetos adiados ou cancelados", diz o executivo. "Há uma queda nessa atividade. É uma fase de adaptação inevitável."

A Schneider Electric não divulga dados sobre o desempenho da filial brasileira. Mas Babeau conta que as vendas no país "deram um salto considerável" nos últimos cinco anos e hoje já totalizam mais de € 500 milhões. O Brasil se situa entre os 15 maiores mercados mundiais do grupo francês. "Há 5 anos o Brasil não representava quase nada nas atividades do grupo. Foi um crescimento muito rápido", diz.

A América do Sul, que já havia tido forte crescimento em 2013 (não divulgado), também teve progressão no ano passado. O Brasil representa boa parte da receita da região, que é incluída como "resto do mundo" no balanço anual do grupo, divulgado ontem em uma reunião com investidores em Paris.

Outra atividade da companhia francesa no Brasil está na área de transportes, com sistemas inteligentes voltados para a mobilidade urbana. Esse negócio, realizado com prefeituras, ainda é pequeno no país, diz Babeau, mas esse setor no país já é um dos principais do grupo no mundo, ao lado dos Estados Unidos e da Espanha.

Além de seu balanço financeiro em 2014, a companhia também apresentou ontem em Paris um plano estratégico, batizado "Schneider is On", para os próximos cinco anos. O faturamento global atingiu quase € 25 bilhões, com crescimento de 6,6%. O lucro líquido, de € 1,9 bilhão, subiu 11% a taxas de câmbio constantes (se incluída a variação cambial, a progressão foi de 2,8%).

O grupo visa, até 2020, um crescimento de 3% a 6% por ano, em média. "É um pouco menos rápido do que os objetivos do plano anterior, mas é mais realista em razão da desaceleração nos países emergentes e da estagnação prolongada na Europa", diz Jean-Pascal Tricoire, presidente-executivo da Schneider Electric.

Ele também afirma que a empresa poderá retomar o processo de aquisições, em pausa desde a compra, no início de 2014, da britânica Invensys, especializada em automação e softwares industriais, por € 3,8 bilhões. "Seriam aquisições complementares em nossas atividades-chaves e em setores com crescimento", diz o presidente. Ao que tudo indica, uma delas pode incluir o Brasil. (Valor Econômico, 20/02) Leia mais em bracier 20/02/2015


21 fevereiro 2015



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