30 julho 2015

Casino reorganiza negócios na América Latina e compartilha controle do Grupo Pão de Açúcar

O Casino vai compartilhar com sua controlada colombiana Éxito o controle direto do Grupo Pão de Açúcar (GPA), como parte de uma reorganização das atividades do grupo varejista francês na América Latina para rebalancear sua estrutura financeira.

Em correspondência ao GPA nesta quinta-feira, o Casino informou que seu Conselho de Administração aprovou a venda, em dinheiro, para a Éxito de 50 por cento da empresa francesa Segisor, que detém a maior parte das ações com direito a voto do GPA. A operação também inclui a venda para a Éxito de 100 por cento da subsidiária do Casino na Argentina, a varejista Libertad.
O valor total dos negócios é de 1,7 bilhão de euros.

Segundo fato relevante, após a operação ser concluída, o que está previsto para o fim de agosto, Casino e Éxito compartilharão o controle direto do GPA, maior varejista do Brasil, por meio de três acordos de acionistas a serem celebrados pelas partes.

"A operação permitirá a implementação de sinergias e oportunidades de desenvolvimento entre as companhias, de acordo com o Casino, criando valor para Éxito, Libertad, GPA e Casino", segundo comunicado.

Com a reorganização, a Éxito consolidará integralmente os resultados do GPA e terá uma estrutura de capital "suportada pela sólida geração de fluxo de caixa das subsidiárias latino-americanas".

Como o Casino continuará sendo acionista controlador da Éxito, com participação de 54,8 por cento, o grupo francês continuará a ter em seu balanço as demonstrações da empresa colombiana e, indiretamente, do GPA.

Éxito e Casino concordaram em realizar mudanças na composição do Conselho de Administração e dos comitês do GPA, que deverá ser composto por 11 membros, sendo que Casino e Éxito terão direito de apontar três nomes cada. Não haverá mudanças na diretoria-executiva do GPA com a operação.

Procurado, o GPA disse que no momento não comentaria as mudanças promovidas pelo Casino na estrutura na América Latina.

As ações do GPA subiam 0,97 por cento às 10h51. No mesmo horário, o Ibovespa tinha queda de 0,29 por cento. (Por Luciana Bruno) Reuters Leia mais em Yahoo 29/07/2015
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De um bolso para o outro e, voilà, Casino libera US$1,8 bi

O Casino está vendendo metade de suas ações no Grupo Pão de Açúcar (GPA) para sua outra subsidiária, o grupo colombiano Almacenes Exito.

A transação, que na prática equivale ao grupo francês tirar dinheiro de um bolso para colocar no outro, não muda nada no dia-a-dia nem na gestão do GPA.Jean-Charles Naouri

Mas trata-se de uma operação engenhosa: o Casino retira caixa do Exito, uma empresa com endividamento zero e forte geradora de caixa, sem que o Exito tenha que pagar um dividendo, algo que limitaria o montante a ser distribuído e que teria que ser dividido com os acionistas minoritários.

O Casino vai usar os recursos para reduzir sua dívida. O grupo tem cerca de 7 bilhões de euros em caixa em suas diversas subsidiárias, mas a maior parte de seus 8,5 bilhões de euros de dívida são devidos pela holding, na França.

O Exito está pagando 1,8 bilhões de dólares por 50% da Segisor — a empresa do Casino que é dona de 100% das ações com direito a voto do GPA — e pela Libertad, a subsidiária do Casino na Argentina.

A combinação destas empresas cria um gigante do varejo sulamericano — com faturamento de 34 bilhões de dólares e geração de caixa de 2,7 bilhões de dóalres, em números de 2014 — e deve levantar especulações sobre o objetivo final de Jean-Charles Naouri, o CEO e controlador do Casino.

A operação anunciada hoje tem todas as digitais de Naouri, um financista que turbinou o Casino através de múltiplas aquisições e controla o grupo por meio de diversas participações em cadeia. Um tecnocrata que se tornou banqueiro de investimento e em seguida investidor, Naouri controla o Casino por meio do Rallye, seu fundo de investimentos.

Os acionistas de GPA vão se perguntar se o objetivo de Naouri é, mais adiante, reunir todos os acionistas dos negócios da América do Sul nesta nova empresa Exito-GPA (através de uma troca de ações), ou até mesmo fazer essa unificação societária em nível global, acabando com o controle alavancado que o Casino tem sobre suas subsidiárias e simplificando sua estrutura acionária. Hoje, o Casino controla o Exito com 54,8% do capital, e detém cerca de 50% do capital do GPA.

Um gestor que conhece bem a empresa disse que há três bons motivos para a operação ter sido estruturada de forma que a maior empresa (o GPA) esteja sendo adquirida pela menor (o Exito). Em primeiro lugar, o Exito é a empresa que tem uma posição de caixa líquido (isto é, seu caixa é maior que sua dívida). Já o GPA tem um pouco de dívida líquida. Em segundo lugar, o Casino tem mais liberdade de ação no Exito, já que a empresa tem uma única classe de ações. Além disso, na Colombia, a lei das SA permite que o controlador vote numa transação como esta, apesar do claro conflito de interesses, o que está ficando cada vez mais difícil no Brasil (graças à disposição de minoritários de levar os abusos à CVM e à Justiça). Finalmente, o custo de capital na Colômbia é mais civilizado do que no Brasil.

O Exito concordou em pagar 100 reais por ação ON do GPA, o que equivale a um prêmio de 21% sobre a média ponderada das ações PN do Pão de Açúcar nos últimos 66 pregões.

Além da lógica financeira, no comunicado ao mercado o Casino tentou apontar também para uma lógica operacional, falando de ‘sinergias e oportunidades de desenvolvimento’. É possível que isto signifique o GPA tem muito a aprender com a experiência do Exito no formato de lojas de desconto, e que o GPA possa levar para a Colômbia o formato de atacarejo do Assaí, que não existe lá.

Ainda assim, os minoritários do Exito devem ficar desconfortáveis com uma operação em que a empresa colombiana paga um prêmio para co-controlar uma outra companhia junto com seu próprio controlador.

Na França, as ações do Casino caem 30% nos últimos 12 meses — refletindo em boa parte a queda do GPA no Brasil e a desvalorização do real — enquanto as ações do Carrefour sobem 14%. Por Geraldo Samor Leia mais em Vejamercados 30/07/2015


30 julho 2015



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