30 maio 2016

Cenário de preços ainda pode estimular aquisições

Depois da união entre Shell e BG no ano passado, uma das maiores do setor nos últimos tempos, 2016 pode trazer outra fusão ou aquisição de grande porte, prevê a casa de análise de dívida corporativa CreditSights. Os preços do petróleo se recuperam, mas ainda abaixo de US$ 50 por barril, e se estabilizam, dando maior previsibilidade para as empresas, explica a instituição.

Os preços do Brent e do WTI se aproximam de US$ 50, valor baixo perto dos mais de US$ 100 observados em 2014, mas mesmo assim em alta de 55% frente à menor cotação recente. Na ICE Futures de Londres, os investidores já apostam em US$ 53 para o fim do ano que vem, mostrando que a commodity pode ter atingido sua estabilidade. Analistas creem que a dinâmica entre oferta e demanda se equilibre em 2016 e até falte petróleo a partir de 2017.

Segundo dados da Dealogic, empresa de inteligência de mercado, o setor de petróleo e gás - que compreende produtoras, fornecedoras, transportadoras e o segmento de refino -, foram realizadas 234 operações de fusões e aquisições no primeiro trimestre, a um valor total de US$ 27 bilhões. Esse é o pior nível para esse período desde 2005.

No acumulado do ano até maio, foram 376 negócios, ou US$ 46 bilhões.

A CreditSights prevê que em 2016 as companhias do setor farão negócios desse tipo em um total de US$ 285 bilhões. Apesar de representar uma queda de 18% ante o volume do ano passado, esse valor significa que no segundo semestre o mercado deve ser mais agitado do que foi até agora. Só nos Estados Unidos, a casa de análise crê em US$ 110 bilhões. Mas para que a projeção se concretize, a instituição aposta em pelo menos um negócio gigante de associação entre empresas, opina o analista Brian Gibbons.

Recentemente, rumores de que a gigante americana ExxonMobil possa comprar a conterrânea Anadarko Petroleum surgiram entre os investidores.

A operação, informa a CreditSights, faz sentido e ajudaria as fusões e aquisições a alcançarem o nível previsto. Ao mesmo tempo, transações entre companhias de tamanhos semelhantes, especialmente as menos alavancadas financeiramente e operadoras do xisto nos Estados Unidos, também são aguardadas.

No ano passado, o lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e gastos com exploração (Ebitdax, na sigla em inglês) ajustado da Anadarko, para não refletir as baixas contábeis de US$ 1,5 bilhão realizadas, foi de US$ 38 milhões. O valor de mercado do grupo encontra-se próximo a US$ 27,67 bilhões, atualmente. O Ebitdax da ExxonMobil foi de US$ 41,85 bilhões, seu valor de mercado alcança a cifra de US$ 374,77 bilhões e seu caixa ao fim de março era de US$ 4,8 bilhões.

Para efeito de comparação, a Shell pagou US$ 53 bilhões pela BG em dinheiro cerca de 7,5 vezes o Ebitdax da concorrente em 2015. O montante significou 15% de prêmio sobre o valor de mercado da britânica à época do anúncio.

No caso de ExxonMobil e Anadarko, se essas métricas forem semelhantes, o valor da transação poderia ser de aproximadamente US$ 31 bilhões - 70% do valor de todos os negócios no setor até agora no ano, ou 30% do que a CreditSights espera nos EUA para 2016.

No segmento de produtos e serviços para petróleo e gás, o banco americano Jefferies afirma que a atividade nos EUA provavelmente chegou ao patamar mais fraco neste ano. Em relatório divulgado esta semana, a instituição lembra que a contagem de sondas exploratórias em operação já se encontra em menos de 400 e a mensagem de produtoras é de que não há como o investimento cair muito mais do que já foi cortado.

A instituição financeira ainda sugere que o período agora será usado para arrumar as finanças. "As companhias parecem agora mais confiantes em se beneficiar da geração de caixa maior com a alta dos preços para equilibrar seus balanços em vez de elevar os gastos", afirma o texto. É nessa hora, aposta a CreditSights, que as fusões e aquisições têm mais espaço para ocorrerem - em um ambiente de preços ainda baixos demais para acelerar a atividade, mas com perfil de crédito mais robusto. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 30/05/2016 


30 maio 2016



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