19 setembro 2017

Estrangeiros carregam bolsa brasileira a novo recorde em giro diário

Setembro já disputa com maio a liderança do ranking mensal de giro financeiro diário na bolsa brasileira, a B3. Em maio, o volume médio diário negociado foi de R$ 9,6 bilhões, em linha com o observado neste mês até o dia 14, informa a CM Capital Markets. Na semana passada, a instituição chegou a projetar R$ 10 bilhões para a média diária deste mês, mas, em relatório distribuído ontem pela instituição, baixou a estimativa para R$ 9,3 bilhões. Confirmado esse volume, setembro será o terceiro em nove meses em que os negócios na bolsa ultrapassam R$ 9 bilhões. E são os estrangeiros que estão por trás desse forte volume, indica Jéssica Strasburg, economista da CM.

"Em maio, o que deu sustentação ao [firme] volume dá contribuição agora. Justamente no final de maio, o investidor estrangeiro montou algumas grandes operações de 'cash and carry', na época comprando Índice Futuro e, agora, aquelas posições estão sendo desmontadas, dando lugar à compra de ações à vista e venda no futuro", conta a economista.

Em fluxo acumulado por tipo de investidor, os estrangeiros dão um baile nas outras quatro categorias com quem divide o pregão: instituições financeiras, institucionais, empresas e pessoas físicas. Levantamento da CM mostra que, em 21 dias úteis, até 14 de setembro, os estrangeiros colocaram R$ 4,54 bilhões na bolsa e sem enfrentar concorrentes. As demais categorias apresentaram fluxo negativo ou quase zerado no período.

As instituições financeiras - basicamente bancos - registraram fluxo positivo de R$ 240 milhões no período analisado. Os institucionais têm saído discretamente do pregão. Nos últimos 21 dias úteis, eles tiraram R$ 540 milhões. No grupo das empresas não financeiras, o fluxo negativo engrenou nas últimas duas semanas e totalizou R$ 1,05 bilhão até dia 14. Já os investidores pessoas físicas exibem fluxo negativo, em R$ 3,18 bilhões.

Em maio, o gatilho político que movimentou o mercado brasileiro foi a divulgação do áudio da conversa travada entre o empresário Joesley Batista, sócio da JBS, e o presidente da República, Michel Temer. Já este mês foi marcado pela prisão, no dia 8, de Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Temer, "gestor" de R$ 51 milhões encontrados num "bunker" em Salvador sem indicação de origem. E na semana passada, a gravação e apresentação do áudio de uma nova conversa, desta vez entre Joesley Batista e Ricardo Saud, diretor do grupo empresarial, acabou ainda na prisão temporária da dupla.

Em sete de oito meses neste ano, os estrangeiros bancaram o maior volume de negócios com ações na B3, considerando o movimento por tipo de investidor. Apenas em fevereiro os investidores institucionais e as pessoas físicas superaram os estrangeiros. Esse resultado foi apontado como um ponto "fora da curva", segundo o jargão do mercado.

A leitura parcial dos negócios com ações em setembro, até o dia 14, mantém o mesmo padrão de liderança dos estrangeiros no mercado local, segundo o levantamento realizado pela CM. Jéssica diz que todas as transações com ações para liquidação à vista, liquidação a termo e opções compõem o volume financeiro que a instituição considera em seus cálculos.

Em função de sua expressiva participação nos negócios com ações no Brasil, os estrangeiros ficam sistematicamente em oposição à soma dos demais participantes. Ao longo deste ano, o capital externo assumiu posições francamente compradoras de ações brasileiras no mercado local. De janeiro a 14 de setembro - oito meses e meio -, esses investidores estiveram na ponta de "compra" seis vezes, apostando na valorização das ações brasileiras. As posições líquidas ficaram na ponta de "venda" nos meses de março, abril e junho. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 19/09/2017


19 setembro 2017



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