17 novembro 2017

Educação no foco de investidores estrangeiros

Mesmo após a desistência da Kroton pela compra do Grupo Estácio, resultado das condições impostas pelo Cade à realização do negócio no final de junho, o setor educação deverá viver uma série de fusões e aquisições já a partir deste ano. Agora, porém, ao invés de olharem para seus pares, Instituições de Ensino Superior (IESs) miram grupos do ensino fundamental. É o caso do interesse, novamente, da Kroton pela Somos Educação, que detém colégios e editoras. Além da concentração entre grupos nacionais, novos investidores devem ingressar no segmento.

Os estrangeiros observam o setor com carinho e, segundo o especialista em M&A David John Denton, diretor da Okto Finance, também têm como foco o ensino médio. “Há um aquecimento do mercado, como mostra a melhora dos indicadores econômicos. Qualquer melhoria de renda faz o brasileiro optar pelo ensino privado, o que deve ocorrer nos próximos anos. A educação é um segmento muito pulverizado, com pouca interferência do governo. Esses fatores, somados a uma certa estabilidade cambial, atraem o investidor estrangeiro.”, afirma.

Dados do simulador de prospecção da Econodata demonstram que existem 132.510 empresas privadas (Sociedades Simples, microempresas, Limitadas, Sociedades Anônimas e empresas de pequeno porte) em atividade no país vinculadas ao setor, o que mostra o quanto ele é pulverizado.

Apesar de todas as fusões ocorridas no ensino superior brasileiro nos últimos anos, a plataforma da Econodata aponta que ainda existem no Brasil 3.358 matrizes e as companhias privadas que visam lucro atuando no segmento. Deste total, cerca de 17% estão concentradas no Estado de São Paulo.

Se forem consideradas as empresas privadas com fins lucrativos voltadas para a educação profissional de nível técnico, o número de instituições soma 4.580, o que demonstra ainda mais oportunidades. Quando acrescidos a educação infantil e ensino fundamental, o número atinge mais de 45 mil oportunidades.

Francisco Borges, consultor da Fundação FAT em Políticas Públicas Voltadas ao Ensino, considera que dois fatores devem impulsionar um movimento de consolidação no setor. Segundo ele, diante da baixa procura pela graduação, as Instituições de Ensino Superior (IESs) passam a olhar para grupos do Ensino Médio. “Esse movimento tende a se intensificar por conta da Reforma do Ensino Médio, que começa a ser implantada partir do próximo ano”.

Com o novo modelo, 40% da carga horária será destina a um dos cinco itinerários formativos: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias e Formação Técnica Profissional. “A mudança deve aproximar os programas dessa etapa aos do Ensino Superior”, afirma o especialista.

Borges considera, no entanto, que mesmo o Ensino Superior voltará a atrair o interesse de investidores. Ele destaca a portaria do Ministério da Educação número 11, de 20 de Junho de 2017, que abriu a possibilidade de IESs com notas de 3 a 5 no Conceito Preliminar de Curso, do MEC, abrirem de 50 a 250 polos de ensino a distância ao ano. “As IESs preparam seus planos de cursos de Graduação EaD pensando na ampliação de sua abrangência geográfica. Essa é a forma como elevarão a oferta na modalidade de ensino superior mais demanda nos últimos anos”, diz.

O especialista aponta que, desde 2012, embora o número total de matrículas no Ensino Superior tenha se mantido estável, as em cursos EaD cresceram cerca de 60%. “O Censo Escolar deixa claro que o crescimento do Ensino Superior no Brasil se dará por meio de cursos EaD”, conclui. por  Maurício Palhares Leia mais em segs 17/11/2017

17 novembro 2017



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